sábado, 10 de abril de 2010

Mário de Sá-Carneiro -Dispersão




Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.
 
Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...
 
Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.
 
(O Domingo de Paris
Lembra-me o desaparecido
Que sentia comovido
Os Domingos de Paris:
 
Porque um domingo é família,
É bem-estar, é singeleza,
E os que olham a beleza
Não têm bem-estar nem família).
 
O pobre moço das ânsias...
u, sim, tu eras alguém!
E foi por isso também
Que te abismaste nas ânsias.
 
A grande ave dourada
Bateu asas para os céus,
Mas fechou-as saciada
Ao ver que ganhava os céus.
 
Como se chora um amante,
Assim me choro a mim mesmo:
Eu fui amante inconstante
Que se traiu a si mesmo.
 
Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que projeto:
Se me olho a um espelho, erro —
Não me acho no que projeto.
 
Regresso dentro de mim
Mas nada me fala, nada!
Tenho a alma amortalhada,
Sequinha, dentro de mim.
 
Não perdi a minha alma,
Fiquei com ela, perdida. 
Assim eu choro, da vida,
A morte da minha alma.
 
Saudosamente recordo
Uma gentil companheira
Que na minha vida inteira
Eu nunca vi... Mas recordo
 
A sua boca doirada
E o seu corpo esmaecido,
Em um hálito perdido
Que vem na tarde doirada.
 
(As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei. 
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...
 
E sinto que a minha morte —
Minha dispersão total —
Existe lá longe, ao norte,
Numa grande capital.
 
Vejo o meu último dia
Pintado em rolos de fumo,
E todo azul-de-agonia
Em sombra e além me sumo.
 
Ternura feita saudade,
Eu beijo as minhas mãos brancas...
Sou amor e piedade
Em face dessas mãos brancas...
 
Tristes mãos longas e lindas
Que eram feitas Pra se dar
Ninguém mas quis apertar
Tristes mãos longas e lindas
 
Eu tenho pena de mim,
Pobre menino ideal...
Que me faltou afinal?
Um elo? Um rastro?... Ai de mim!...
 
Desceu-me na alma o crepúsculo;
Eu fui alguém que passou.
Serei, mas já não me sou;
Não vivo, durmo o crepúsculo.
 
Álcool dum sono outonal
Me penetrou vagamente
A difundir-me dormente
Em urna bruma outonal.
 
Perdi a morte e a vida,
E, louco, não enlouqueço...
A hora foge vivida,
Eu sigo-a, mas permaneço,...
..................................
Castelos desmantelados,
Leões alados sem juba 

quinta-feira, 1 de abril de 2010

[Quadrinhos] CODEX ARCANA – Um Tributo à H.P. Lovecraft – Mike Mignola, Dr. Gosburo Coffin


 A primeira, logo de cara, traz o foderoso Mike Mignola nos traços, o que deixa a história mais ainda com aquele aterrorizante ar de terror que aterroriza. A história narra sobre um homem que morreu por causa de um livro amaldiçoado e agora assombra uma casa, onde dois amigos seus vão para tentar entender o que aconteceu com ele. Na segunda história, um homem e uma mulher enfrentam uma bruxa milenar, e na útima, dois homens encontram um portal para outras dimensões.
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KAFKA - 1991


FORMATO: Rmvb
AÚDIO: Inglês
LEGENDAS: Português
DURAÇÃO: 98min.
TAMANHO: 309MB
SERVIDOR: RapidShare
(4-partes)
Sinopse:
O imponente Castelo domina as calçadas da cidade de Praga, em 1919, é parte do mundo de Kafka, um homem cuja vida se divide em duas. Durante o dia, ele é o simples funcionário de seguros e à noite é o escritor que todos conhecemos. Nesse filme de ficção, Kafka vira personagem de sua própria obra. Ele não se conforma com o mistério que envolve o Castelo, tema de um livro seu, e vai querer ultrapassar os seus muros impenetráveis. O que Kafka ainda não sabe é que será vítima de sua própria criação. O diretor Steven Soderbergh participou da 13ª Mostra com o longa "Sexo, Mentiras e Videotapes".

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